quinta-feira, 25 de março de 2010

O Silêncio


"A coisa mais dificil e mais bonita de partilhar entre duas pessoas é o silencio."
No Teu Deserto - Miguel Sousa Tavares


Recentemente li o "Elogio ao silêncio", livro que aborda a importância do silencio nas nossas vidas.

Fazendo uma retrospectiva, constacto que o silencio está mais presente na minha vida do que eu própria poderia imaginar. Sempre fui dada a silêncios, exteriorizar sentimentos não faz parte do meu ser.

Desde pequena que o contemplo. Comigo mesma, isolada do mundo, encontro-me com o meu amigo imaginário, seja ele o meu outro eu ou até mesmo deus, não ponho isso em causa, mesmo agnóstica como sou. Agnóstica não é bem a palavra certa, talvez céptica. Sim, cepticismo é o termo certo para definir a minha relação com deus. Eu creio, mas há coisas que não acredito, para mim não passam de invenções para tornar mais fantástico um sentimento que afinal deveria ser, e é para mim, tão pessoal, tão profundo.

Por vezes gostaria de poder ter instalado no cérebro um sistema que retivesse todo o encadeamento de pensamentos e ou conversas com o meu outro eu, não correndo o risco de silenciar tantas reflexões que vão ficando deixadas momentaneamente e que quando as tento expressar por palavras acabam por já não fazer parte do contexto.

Em pequena o meu refúgio preferido era um caixote de cartão, sentia-me bem lá dentro, talvez porque o cartão abafa o som. Falava com o meu amigo imaginário, podia contar sempre com a sua companhia. Segredava-lhe os meus medos e desejos, cantava-mos, chorava-mos, riamo-nos e conversava-mos muito, muito, era… e é, o meu melhor amigo. Ninguém dava por mim. Por vezes esqueciam-se que eu ali estava de tão silenciosa era.

Gosto do silêncio, não propriamente da total ausência de som, que esse não me incomoda, o silêncio de me isolar no meu mais profundo sem que alguém interfira nas minhas conversas interiores.

Á beira-mar com os pés na areia, encontro paz de espírito mas é também noutras situações, noutros cenários que falo interiormente.

Dançar é uma das formas de me isolar no meio de uma multidão. Dançando entro numa espécie de tranze.

Ler é viajar, sonhar, aprender consolidar muitos das minhas ideias.

Escrever é exprimir o que não consigo verbalmente. Não tenho o dom da palavra embora, por vezes, consiga disfarçar muito bem.

Pintando desperto sensibilidades

Fotografando retenho momentos. Guardo janelas para a recordação.

O silêncio, que me acompanha desde sempre, continuar-me-á a acompanhar o meu percurso porque é nele que encontrarei sempre o meu outro eu.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Família Feliz







Este título recorda-me um menu de restaurante chinês.

Menu esse que consiste numa pequena variedade de especialidades, sempre acompanhadas do arroz chau-chau, e que se destina a preencher a mesa de uma família chinesa em dia de festa. Essa ementa, equilibrada como é, sacia um pequeno grupo sem chegar a enjoar. Ao contrário das refeições ocidentais mais concretamente, as portuguesas, a comida chinesa alimenta contendo todos os nutrientes necessários para uma alimentação agradavelmente equilibrada. Nunca chegando a enjoar nem a fazer mal quando ingerida nas doses sugeridas nos menus chineses: - Família feliz para 6 pessoas. – Família feliz para 8 pessoas… e por aí…

Há também que ache pouco a encomende um menu de 8 pessoas apenas para dois ou três comensais e é isso que faz mal como em tudo na vida.

Tudo aquilo que passe das medidas torna-se prejudicial.

Família feliz tem de ser realmente equilibrada. Nem com intensidade a mais nem a menos, o bastante para se manterem todos unidos sem se anularem uns aos outros. Manter um equilíbrio entre os elementos sem excessos.

Equilíbrio é o essencial.

Por isso se diz que os opostos se atraem.

Na cultura chinesa dá-se valor as coisas simples comparando-as muito sabia-mente com a vida.

Família feliz é, nada mais, nada menos que, o equilíbrio harmonioso entre vários elementos.

Sem dúvida que isso sim, é um dos conceitos de felicidade.

Ervas daninhas



A minha adolescência foi passada numa casa rodeada de um belo jardim. Era o meu pai que se ocupava dele mas cabia-me a mais a mim do que á minha irmã assegurar-me que as ervas daninhas não cresciam mais do que a relva.

Na altura não gostava mesmo nada de arrancar ervas. Por cada uma que arrancava via em volta mais duas ou três. Aquilo para mim era uma pura perca de tempo. Porque não cortá-las simplesmente junto com a relva?...

Hoje, passadas duas décadas e umas quantas lições de vida, percebi que as ervas daninhas são terríveis e não basta corta-las, isso até lhes dá força. Têm de ser arrancadas pela raiz e mesmo assim não se extinguem. São tão resistentes que de um pedacinho de raiz aparentemente seco voltam a florescer e cada vez com mais força. São pragas autênticas impossíveis de exterminar.

Mas são seres vivos como nós e se não existissem também não conheceríamos o lado ruim da vida.





quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ha dias assim...


Quando se acorda com vontade de fugir do mundo.
Quando se passa o dia com a mania da perseguição e que se acha que tudo e todos estão contra nós. Quando se olha ao espelho e se vê apenas uma sombra daquilo que alguma vez se foi.
Se sofre o desgosto de tentar vestir umas calças que já não passam da anca e se leva o dia a puxar a camisola para baixo de tão justa que está.
Quando já não se consegue controlar a quantidade de chocolate ingerido nem se é capaz de combater o vício da gula.
Quando se perde a vontade de fazer algo de positivo, e já não se tem forcas para qualquer tipo de exercício físico.
Quando já nem as aparências se mantêm e o alheamento impera…
Há tristeza, vergonha, incapacidade de gerir a própria existência.


Há dias assim.

Dias ruins.

O melhor é caminhar a beira mar e… Gritar, nem que seja com o mar.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Essencia da vida

Corrente de palavras


Fado
Vidas desfeitas
Sonhos impossíveis
Portas fechadas
Amigos esquivos
Abraços nulos
Vozes mudas
Ouvidos moucos
Silêncios ensurdecedores
Solidão alucinante
Força incapacitante
Nostalgia
Luto
Dor
Enojo
Nojo
Ansiedade
Desassossego
Desespero
Agonia
Angustia
Saudade até daquilo que não se teve

Crescer...



A vida é como um jogo de varias etapas, acontecimentos e desafios. As pessoas  são os peões que se mudam de lugar conforme o resultado dos dados. Os dados, esses, são o destino.
No decorrer do jogo  passamos por períodos mais ou menos agradáveis, mais ou menos longos e pelas mais diversas situações. Conhecem-se  outros peões que de uma forma ou de outra vão entram e saem do jogo.
Um autentico jogo virtual, em que ao longo dos vários níveis nos vão surgindo figurinhas com quem temos de interagir para alcançar o nível seguinte… Assim é na vida real. As relações, sejam elas de amizade, familiar, trabalho, amor, etc e tal... longas ou breves, são da maior relevância na evolução de cada um de nós. E são as experiências negativas que mais contribuem para o crescimento interior de cada um de nós.
Sonho imensas vezes com aquelas amizades que duram toda a vida. Mas isso não passa de uma utopia. É impossível manter uma amizade, sempre em alta por tanto tempo. Os amigos que vamos fazendo ao longo da vida, fazem, cada um, parte de um momento ou etapa que, aprendida a lição, passa ao nível seguinte com novas personagens. Em cada etapa do percurso da nossa existência, ficam camaradas inolvidáveis que tal como nós, procuram o rumo certo que nem sempre, quase nunca, coincide com o nosso.
Nunca a velha máxima: “Amigo não empata amigo” fez tanto sentido para mim.
A coexistência com os “amigos” enriquece-nos interiormente e é isso a arte de viver.
A vida é crescer!
Ter amigos também...