domingo, 2 de maio de 2010

O Silencio II

Ainda sobre o silencio, encontrei este artigo navegando por aí, e por ser bastante interessante e de certa forma se enquadrar no texo que publiquei a dias, publico-o.
O teu silêncio magoa-me


É o prelúdio do fim de uma relação? Um sinal de desprezo? O ignorar dos sentimentos do outro?

O silêncio é frio… glacial


O silêncio é frio… glacial. Quebramos o silêncio como se estilhaçássemos um objecto de cristal. Ou rompemo-lo como se nos desembaraçássemos de algo que nos asfixia. Não há nada mais desagradável numa relação a dois. Um belo dia, entre um homem e uma mulher, instala-se o silêncio. Quem é que o provocou? E agora, como escorraçá-lo? Primeiro há que tentar decifrá-lo, pois o silêncio é também uma forma de comunicação. O silêncio pode significar intimidação, respeito, mas também hostilidade ou desdém, medo e desinteresse. Entre duas pessoas que se querem, o silêncio nunca foi de ouro, contrariando o provérbio popular. É quase sempre sinónimo de solidão e de dor, de um problema mal resolvido. E se a situação de incomunicabilidade se passar debaixo do mesmo tecto, pior ainda.

A crise do silêncio tem de ter um motivo e ser passível de análise. Só através do diálogo podemos perceber as razões subjacentes à atitude. O que nos impede de falarmos como dois adultos civilizados? Talvez o orgulho ou o medo de reconhecer os próprios erros, não querer dar o braço a torcer, e a vaidade de querer ter sempre razão. Ou o medo de não sermos compreendidos. No fundo, uma chuva de motivos que nos bloqueiam. Seria sensato pensarmos que dialogar é diferente de discutir. Num diálogo, é necessário falar e saber ouvir. Alguém disse um dia que o diálogo é uma estrada de duplo sentido e não uma via única. Convém perceber as ideias e os argumentos apresentados, fazer um esforço de compreensão e não se artilhar para um ataque impiedoso. Aí, já entramos no campo da discussão. Entre dois egos orgulhosos não é possível chegar ao diálogo, mas antes ao solilóquio do arrasamento, do estilo: “és tão infantil”. Este tipo de comentários magoa e enraivece. A discussão é uma luta que só permite um vencedor. Já o diálogo proporciona uma linguagem mais tranquila porque ambos estão sintonizados na afinação do problema, mantêm uma abertura face à crise.

Apenas o diálogo vence o silêncio. No entanto, este tem de ser feito de autenticidade. Só com o diálogo, podemos descobrir o que se passa na mente do outro, os porquês do silêncio. Para que o casal cresça, ambos têm de renunciar ao orgulho, à detenção da verdade única. Ter uma pessoa a partilhar a nossa vida é algo maravilhoso, já que ninguém gosta de estar sozinho. Daí que tenhamos de aprender a lidar com opiniões diferentes da nossa sem que isso seja uma derrota, mas antes uma experiência enriquecedora. Se fôssemos felizes sozinhos não procurávamos parceiros. Mas um casal não constitui por si só a felicidade à prova do silêncio. As crises surgem inadvertidamente e há que saber sará-las com carinho e respeito.

Tipos de silêncio

. Punitivo. Surge como punição do outro, ignorando-o totalmente.

. Culpado. É um mecanismo de defesa, quando um dos parceiros tem a consciência pesada

. Ofendido. Como retaliação a uma grosseria

. Tédio. Surge quando já não há afinidade, o projecto de vida em comum deixou de fazer sentido para ambos

. Intimidado. Acontece quando se receia ser julgado

. Implicativo. Visa somente picar o outro

. SOS. É um pedido de ajuda e de atenção

. Magoado. Nasce de situações desagradáveis e pode transformar-se em rancor e raiva

. Defensivo. Próprio dos tímidos e dos mais frágeis

. Desesperado. É o último recurso para quem sente que já esgotou todas as palavras

. Indiferente. O pior de todos. Acontece quando já tudo morreu na relação

. Desprezo. É uma amargura que não se verbaliza, mas agride

. Chegámos ao fim. Quando não se tem coragem para pôr fim a uma relação, o silêncio significa: “Se não te atendo, se não te procuro, é porque tudo acabou”

. Birra. Algo imaturo mas pouco danoso, porque passageiro

. Controlador. Falso mistério que apenas visa prender o outro à curiosidade de um mutismo inexplicável

. Sádico. Praticado por pessoas que sentem prazer em torturar as outras pelo gosto de um jogo perverso

www.maxima.pt

Film - A.I. - final scene - David's happiest day

Inteligencia Artifical



Um filme que me emocionou.

quinta-feira, 25 de março de 2010

O Silêncio


"A coisa mais dificil e mais bonita de partilhar entre duas pessoas é o silencio."
No Teu Deserto - Miguel Sousa Tavares


Recentemente li o "Elogio ao silêncio", livro que aborda a importância do silencio nas nossas vidas.

Fazendo uma retrospectiva, constacto que o silencio está mais presente na minha vida do que eu própria poderia imaginar. Sempre fui dada a silêncios, exteriorizar sentimentos não faz parte do meu ser.

Desde pequena que o contemplo. Comigo mesma, isolada do mundo, encontro-me com o meu amigo imaginário, seja ele o meu outro eu ou até mesmo deus, não ponho isso em causa, mesmo agnóstica como sou. Agnóstica não é bem a palavra certa, talvez céptica. Sim, cepticismo é o termo certo para definir a minha relação com deus. Eu creio, mas há coisas que não acredito, para mim não passam de invenções para tornar mais fantástico um sentimento que afinal deveria ser, e é para mim, tão pessoal, tão profundo.

Por vezes gostaria de poder ter instalado no cérebro um sistema que retivesse todo o encadeamento de pensamentos e ou conversas com o meu outro eu, não correndo o risco de silenciar tantas reflexões que vão ficando deixadas momentaneamente e que quando as tento expressar por palavras acabam por já não fazer parte do contexto.

Em pequena o meu refúgio preferido era um caixote de cartão, sentia-me bem lá dentro, talvez porque o cartão abafa o som. Falava com o meu amigo imaginário, podia contar sempre com a sua companhia. Segredava-lhe os meus medos e desejos, cantava-mos, chorava-mos, riamo-nos e conversava-mos muito, muito, era… e é, o meu melhor amigo. Ninguém dava por mim. Por vezes esqueciam-se que eu ali estava de tão silenciosa era.

Gosto do silêncio, não propriamente da total ausência de som, que esse não me incomoda, o silêncio de me isolar no meu mais profundo sem que alguém interfira nas minhas conversas interiores.

Á beira-mar com os pés na areia, encontro paz de espírito mas é também noutras situações, noutros cenários que falo interiormente.

Dançar é uma das formas de me isolar no meio de uma multidão. Dançando entro numa espécie de tranze.

Ler é viajar, sonhar, aprender consolidar muitos das minhas ideias.

Escrever é exprimir o que não consigo verbalmente. Não tenho o dom da palavra embora, por vezes, consiga disfarçar muito bem.

Pintando desperto sensibilidades

Fotografando retenho momentos. Guardo janelas para a recordação.

O silêncio, que me acompanha desde sempre, continuar-me-á a acompanhar o meu percurso porque é nele que encontrarei sempre o meu outro eu.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Família Feliz







Este título recorda-me um menu de restaurante chinês.

Menu esse que consiste numa pequena variedade de especialidades, sempre acompanhadas do arroz chau-chau, e que se destina a preencher a mesa de uma família chinesa em dia de festa. Essa ementa, equilibrada como é, sacia um pequeno grupo sem chegar a enjoar. Ao contrário das refeições ocidentais mais concretamente, as portuguesas, a comida chinesa alimenta contendo todos os nutrientes necessários para uma alimentação agradavelmente equilibrada. Nunca chegando a enjoar nem a fazer mal quando ingerida nas doses sugeridas nos menus chineses: - Família feliz para 6 pessoas. – Família feliz para 8 pessoas… e por aí…

Há também que ache pouco a encomende um menu de 8 pessoas apenas para dois ou três comensais e é isso que faz mal como em tudo na vida.

Tudo aquilo que passe das medidas torna-se prejudicial.

Família feliz tem de ser realmente equilibrada. Nem com intensidade a mais nem a menos, o bastante para se manterem todos unidos sem se anularem uns aos outros. Manter um equilíbrio entre os elementos sem excessos.

Equilíbrio é o essencial.

Por isso se diz que os opostos se atraem.

Na cultura chinesa dá-se valor as coisas simples comparando-as muito sabia-mente com a vida.

Família feliz é, nada mais, nada menos que, o equilíbrio harmonioso entre vários elementos.

Sem dúvida que isso sim, é um dos conceitos de felicidade.

Ervas daninhas



A minha adolescência foi passada numa casa rodeada de um belo jardim. Era o meu pai que se ocupava dele mas cabia-me a mais a mim do que á minha irmã assegurar-me que as ervas daninhas não cresciam mais do que a relva.

Na altura não gostava mesmo nada de arrancar ervas. Por cada uma que arrancava via em volta mais duas ou três. Aquilo para mim era uma pura perca de tempo. Porque não cortá-las simplesmente junto com a relva?...

Hoje, passadas duas décadas e umas quantas lições de vida, percebi que as ervas daninhas são terríveis e não basta corta-las, isso até lhes dá força. Têm de ser arrancadas pela raiz e mesmo assim não se extinguem. São tão resistentes que de um pedacinho de raiz aparentemente seco voltam a florescer e cada vez com mais força. São pragas autênticas impossíveis de exterminar.

Mas são seres vivos como nós e se não existissem também não conheceríamos o lado ruim da vida.





quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ha dias assim...


Quando se acorda com vontade de fugir do mundo.
Quando se passa o dia com a mania da perseguição e que se acha que tudo e todos estão contra nós. Quando se olha ao espelho e se vê apenas uma sombra daquilo que alguma vez se foi.
Se sofre o desgosto de tentar vestir umas calças que já não passam da anca e se leva o dia a puxar a camisola para baixo de tão justa que está.
Quando já não se consegue controlar a quantidade de chocolate ingerido nem se é capaz de combater o vício da gula.
Quando se perde a vontade de fazer algo de positivo, e já não se tem forcas para qualquer tipo de exercício físico.
Quando já nem as aparências se mantêm e o alheamento impera…
Há tristeza, vergonha, incapacidade de gerir a própria existência.


Há dias assim.

Dias ruins.

O melhor é caminhar a beira mar e… Gritar, nem que seja com o mar.