Sentir o entusiasmo emotivo da liberdade merecida de jovens pais, tios, avós... gente entusiasta de camisa aberta, manga arregaçada, calça à boca sino...
Alegria de fazer parte daqueles bandos de miudagem livre, rebolando no chão, cantando os hinos da liberdade numa canção de roda.
Admirar a gente grande como heróis conquistadores de liberdade.
Participar alegremente em marchas, concertos e comícios às cavalitas de alguém ou embrulhada num xaile de lã ao colo de uma avó.
Sinto ainda a emoção geral de uma conquista da qual já só usufruí.
Falta-me a eloquência dos que outrora admirei, falta-me a presença, as conversas sem nexo e sem fim em volta de uma mesa de café numa espécie de nevoeiro de fumo de cigarros.
Lembranças de uma infância selada com o entusiasmo geral.
Nasci livre...
Emociono-me.
Temo não saber defender a liberdade e morrer sem ela.
Temo não saber defender a liberdade e morrer sem ela.