"O
menino é mau!"
Dizia
o menino grande, com boquinha de mimo, sempre que fazia alguma
asneira menos própria para a sua idade.
Homem
a quem roubaram a infância, tendo que se "safar" desde que
se deu como gente.
Menino
que nunca deixou de sonhar e que até o dever levava a brincar.
Senhor de artes e ofícios, artimanhas e engenhocas, capaz de idealizar e
construir os mais variados engenhos.
Brinquedos,
que nunca teve em menino, tornou reais em adulto e a brincar fez
deles o seu negócio, e voou.
Foi
feliz fazendo felizes outros meninos... e as mães dos meninos... e
as avós... as tias... as primas…
Desbocado
galhofeiro, capaz de transformar o mais horrendo palavrão num elogio
carinhoso, cantarolava e assobiava qual canário, qual “Rouxinol
Faduncho” que ao jeito de “José Lito”, cantava “Lá
Piconera” acompanhado da sua castanhola improvisada com a prótese,
que passava mais tempo nas mãos que na própria boca.
O
melhor da vida era uma mesa farta rodeada de família e amigos: "Comam, bebam!" Palavra de ordem daquela autoridade, condecorado com
as belas medalhas das guerras comensais, e o seu velho boné à
marinheiro “engatatão”. Com o seu ar de rezingão, lá ia
comandando as tropas com os seus gritos de guerra.
“É-mi-si-mi-não-mi” soava ao ronronar do gatinho que se tenta
acalmar e “Ão Ão Ão” cachorrinho a pedir festinhas…
Encantador, de espírito livre, alma grande em envolcro pequeno…
“Homem pequeno ou velhaco ou dançarino”… também gostava de
dançar!... “Queirosito” Sr menino, Sr Queirós o fotografo,
homem das “redes macaenses, para as portas e contra o mau olhado”.
Ladino, lutador, de garra, projectos e sonhos, tantos que nem todos realizou, o corpo não deixou.
Ladino, lutador, de garra, projectos e sonhos, tantos que nem todos realizou, o corpo não deixou.
A
vida fê-lo assim e assim o levou.
Sílvia
Queirós Sanches – Ao meu avô – Março 2017