segunda-feira, 28 de maio de 2012

O olhar das Ciências Sociais: Amor Platônico- Filosofia

O olhar das Ciências Sociais: Amor Platônico- Filosofia: imagem: Platão O termo amor platônico foi definido pela primeira vez pelo filosófo e matemático que viveu no período clássico da Grécia An...

Frase do dia...

"Ser feliz: eis o primeiro pensamento do homem; fazer os outros felizes: eis o primeiro pensamento da mulher"
http://astrologiapt.com/?p=1003

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Amigos

"Na prosperidade, nossos amigos nos conhecem; na adversidade, nós conhecemos nossos amigos."
Li isto hoje no meu signo, e é bem verdade!

Por vezes há quem se aproxime apenas quando estamos em baixo... gostam muito de passar com a mão na cabeça e dizer "coitadinha", sentem-se mais por isso. Como em tudo na vida, há que haver um equilibrio.
Os amigos têm de estar presentes nos bons e nos menos bons momentos, para rirmos e para nos puxarem para a tona quando assim precisamos.
Devemos ser sempre quem somos, e basta!
Quem vier por bem é bem vindo quem se aproxima por qualquer tipo de interesse, pode voltar pelo mesmo caminho.

Amigos, amigos mesmo, perto ou longe estão sempre presentes nem que seja por telepatia!

Encruzilhada


Desde o nascimento ao "renascimento" (final da vida terrena) é-se posto á prova a cada momento. O destino de cada um está traçado, segundo a doutrina espirita, mas existe o livre arbítrio que livra o divino de qualquer responsabilidade. Cada individuo é responsável pelas suas decisões embora tenha o seu destino traçado…



- Como é que isto se explica?



Se somos postos a prova é porque afinal o divino ainda anda a fazer experiencias com o ser humano. Realmente não se é perfeito, se calhar nem deus o é! Ninguém se quer comprometer pelo que corre menos bem, a culpa é sempre de alguém que não do próprio.

- É o destino!

- Estava escrito!...



Tretas.



Acredito realmente nas encruzilhadas da vida. A cada momento importante são-nos indicados vários caminhos, uns mais acidentados outros tipo via rápida, mas uma coisa é certa, tal como “todos os caminhos vão dar a Roma”, na vida cada caminho vai dar ao final da vida. Resta saber como se aprecia cada caminho e  cada um viverá a sua própria experiencia, a sua própria escolha.  



"Vive cada dia como se fosse o último!" Frase que por vezes tendo a esquecer e a deixar-me levar pela enxurrada de problemas que nem sempre são meus. Seria bom viver cada dia com o entusiasmo do último dia de férias, ou da última hora de praia.



Mas quando se é intenso é-se mal interpretado…

Vou continuar nesta encruzilhada até decidir que tipo de viagem me apetece fazer…

quinta-feira, 10 de maio de 2012

HORA ABSURDA


           O TEU SILÊNCIO é uma nau com todas as velas pandas...

           Brandas, as brisas brincam nas flâmulas, teu sorriso...

           E o teu sorriso no teu silêncio é as escadas e as andas

           Com que me finjo mais alto e ao pé de qualquer paraíso...



           Meu coração é uma ânfora que cai e que se parte...

           O teu silêncio recolhe-o e guarda-o, partido, a um canto...

           Minha ideia de ti é um cadáver que o mar traz à praia..., e

           entanto

           Tu és a tela irreal em que erro em cor a minha arte...



           Abre todas as portas e que o vento varra a ideia

           Que temos de que um fumo perfuma de ócio os salões...

           Minha alma é uma caverna enchida p'la maré cheia,

           E a minha ideia de te sonhar uma caravana de histriões...



           Chove ouro baço, mas não no lá-fora...É em mim...Sou a Hora,

           E a Hora é de assombros e toda ela escombros dela...

           Na minha atenção há uma viúva pobre que nunca chora...

           No meu céu interior nunca houve uma única estrela...



           Hoje o céu é pesado como a ideia de nunca chegar a um porto...

           A chuva miúda é vazia...A Hora sabe a ter sido...

           Não haver qualquer coisa como leitos para as naus!...Absorto

           Em se alhear de si, teu olhar é uma praga sem sentido...



           Todas as minhas horas são feitas de jaspe negro,

           Minhas ânsias todas talhadas num mármore que não há,

           Não é alegria nem dor esta dor com que me alegro,

           E a minha bondade inversa não é nem boa nem má...



           Os feixes dos lictores abriram-se à beira dos caminhos...

           Os pendões das vitórias medievais nem chegaram às cruzadas...

           Puseram in-fólios úteis entre as pedras das barricadas...

           E a erva cresceu nas vias férreas com viços daninhos...



           Ah, como esta hora é velha!... E todas as naus partiram!

           Na praia só um cabo morto e uns restos de vela falam

           De longe, das horas do Sul, de onde os nossos sonhos tiram

           Aquela angústia de sonhar mais que até para si calam...



           O palácio está em ruínas... Dói ver no parque o abandono

           Da fonte sem repuxo... Ninguém ergue o olhar da estrada

           E sente saudade de si ante aquele lugar-outono...

           Esta paisagem é um manuscrito com a frase mais bela cortada...



           A doida partiu todos os candelabros glabros,

           Sujou de humano o lago com cartas rasgadas, muitas...

           E a minha alma é aquela luz que não mais haverá nos

           candelabros...

           E que querem ao lago aziago minhas ânsias, brisas fortuitas?...



           Por que me aflijo e me enfermo?...Deitam-se nuas ao luar

           Todas as ninfas... Veio o sol e já tinham partido...

           O teu silêncio que me embala é a ideia de naufragar,

           E a ideia de a tua voz soar a lira dum Apolo fingido...



           Já não há caudas de pavões todas olhos nos jardins de outrora...

           As próprias sombras estão mais tristes...Ainda

           Há rastros de vestes de aias (parece) no chão, e ainda chora

           Um como que eco de passos pela alameda que eis finda...



           Todos os ocasos fundiram-se na minha alma...

           As relvas de todos os prados foram frescas sob meus pés frios...

           Secou em teu olhar a ideia de te julgares calma,

           E eu ver isso em ti é um porto sem navios...



           Ergueram-se a um tempo todos os remos...pelo ouro das searas

           Passou uma saudade de não serem o mar...Em frente

           Ao meu trono de alheamento há gestos com pedras raras...

           Minha alma é uma lâmpada que se apagou e ainda está quente...



           Ah, e o teu silêncio é um perfil de píncaro ao sol!

           Todas as princesas sentiram o seio oprimido...

           Da última janela do castelo só um girassol

           Se vê, e o sonhar que há outros põe brumas no nosso sentido...



           Sermos, e não sermos mais!... Ó leões nascidos na jaula!...

           Repique de sinos para além, no Outro Vale... Perto?...

           Arde o colégio e uma criança ficou fechada na aula...

           Por que não há de ser o Norte e Sul?... O que está descoberto?...



           E eu deliro... De repente pauso no que penso...Fito-te...

           E o teu silêncio é uma cegueira minha...Fito-te e sonho...

           Há coisas rubras e cobras no modo como medito-te,

           E a tua ideia sabe à lembrança de um sabor de medonho...



           Para que não ter por ti desprezo? Por que não perdê-lo?...

           Ah, deixa que eu te ignore...O teu silêncio é um leque ---

           Um leque fechado, um leque que aberto seria tão belo, tão belo,

           Mas mais belo é não o abrir, para que a Hora não peque...



           Gelaram todas as mãos cruzadas sobre todos os peitos....

           Murcharam mais flores do que as que havia no jardim...

           O meu amar-te é uma catedral de silêncio eleitos,

           E os meus sonhos uma escada sem princípio mas com fim...



           Alguém vai entrar pela porta...Sente-se o ar sorrir...

           Tecedeiras viúvas gozam as mortalhas de virgens que tecem...

           Ah, o teu tédio é uma estátua de uma mulher que há de vir,

           O perfume que os crisântemos teriam, se o tivessem...



           É preciso destruir o propósito de todas as pontes,

           Vestir de alheamento as paisagens de todas as terras,

           Endireitar à força a curva dos horizontes,

           E gemer por ter de viver, como um ruído brusco de serras...



           Há tão pouca gente que ame as paisagens que não existem!...

           Saber que continuará a haver o mesmo mundo amanhã --- como



           nos desalegra!...

           Que o meu ouvir o teu silêncio não seja nuvens que atristem

           O teu sorriso, anjo exilado, e o teu tédio, auréola negra...



           Suave, como ter mãe e irmãs, a tarde rica desce...

           Não chove já, e o vasto céu é um grande sorriso imperfeito...

           A minha consciência de ter consciência de ti é uma prece,

           E o meu saber-te a sorrir é uma flor murcha a meu peito...



           Ah, se fôssemos duas figuras num longínquo vitral!...

           Ah, se fôssemos as duas cores de uma bandeira de glória!...

           Estátua acéfala posta a um canto, poeirenta pia baptismal,

           Pendão de vencidos tendo escrito ao centro este lema ---  Vitória!



           O que é que me tortura?... Se até a tua face calma

           Só me enche de tédios e de ópios de ócios medonhos...

           Não sei...Eu sou um doido que estranha a sua própria alma...

           Eu fui amado em efígie num país para além dos sonhos...



                                                                           4-7-1913

Fernando Pessoa