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segunda-feira, 27 de junho de 2016

Gaiola...

https://eraumavezlaranja.wordpress.com/2013/07/15/foi-costurando-passaros-dentro-de-mim-que-me-tornei-uma-gaiola/



Foi costurando pássaros dentro de mim que me tornei uma gaiola…

 

Foi costurando pássaros dentro de mim que me tornei uma gaiola*imagem: Mariana Palova
foi assim que me tornei óbvio
choquei um ovo
e dele nasceu minha tristeza.
Foi despedindo das flores
que me tornei um vaso,
foi assim que me tornei imóvel
gote-ei-me, enferrujei, desconstruí
e senti saudades de amar.
Foi antecipando a vida
que aprendi a morrer
foi assim que me tornei um sonho
sonhei, cai e levantei
olhei em volta e estava distante de mim
Foi sorrindo simpaticamente
que me tornei um molde
foi assim que me tornei um porco-da-índia
apaixonei-me por um poeta e me dei descarga
na terceira margem de um poema.
Pablo Rezende

sexta-feira, 21 de março de 2014

O Eu Livre

“Se quereis ser livres, conhecei o vosso eu real. Ele não tem nenhuma forma, nenhuma aparência, nenhuma raiz, nenhuma residência, mas é cheio de vida e alegre. Responde com uma facilidade versátil, mas a sua função não pode ser localizada. Assim, quando o procurais, afastais-vos dele, quando o buscais apartais-vos, ainda mais, dele.” 

 Mestre Zen Linji (Cleary, 2002)
 A Essência do Zen – Thomas Cleary - Editirial presença

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Mar



Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os Homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes
e calma


SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN, in OBRA POÉTICA (Ed. Caminho, 2010)

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Às vezes...



Às vezes é preciso aprender a perder, a ouvir e não responder, a falar sem nada dizer, a esconder o que mais queremos mostrar, a dar sem receber, sem cobrar, sem reclamar. Às vezes é preciso respirar fundo e esperar que o tempo nos indique o momento certo para falar e então alinhar as ideias, usar a cabeça e esquecer o coração, dizer tudo o que se tem para dizer, não ter medo de dizer não, não esquecer nenhuma ideia, nenhum pormenor, deixar tudo bem claro em cima da mesa para que não restem dúvidas e não duvidar nunca daquilo que estamos a fazer.

E mesmo que a voz trema por dentro, há que fazê-la sair firme e serena, e mesmo que se oiça o coração bater desordeiramente fora do peito é preciso domá-lo, acalmá-lo, ordenar-lhe que bata mais devagar e faça menos alarido, e esperar, esperar que ele obedeça, que se esqueça, apagar-lhe a memória, o desejo, a saudade, a vontade.


Às vezes...às vezes, esquecemo-nos de viver. 


Movimento Novos Rurais
Pessoas mais livres, plenas e felizes! https://www.facebook.com/novosrurais.farmingculture



sexta-feira, 19 de julho de 2013

Coisas da Vida

"A sabedoria não se encontra no topo de nenhuma montanha nem no último ano de um curso superior.
É num pequeno monte de areia do recreio do jardim-de-infância que se pode aprender tudo o que é necessário na vida:
Partilhar                                                                                                       
Respeitar as regras do jogo
Não bater em ninguém
Guardar as coisas nos sítios onde estavam
Manter tudo sempre limpo
Não mexer nas coisas dos outros
Pedir desculpa quando se magoa alguém
Viver uma vida equilibrada: estudar, pensar, desenhar, pintar, cantar, dançar, brincar, trabalhar, fazer de tudo um pouco, todos os dias."
 Robert Fulghum



                                                                                                   

quarta-feira, 10 de abril de 2013

O Sorriso


Creio que foi o sorriso,

o sorriso foi quem abriu a porta.

Era um sorriso com muita luz 

lá dentro, apetecia 

entrar nele, tirar a roupa, ficar 

nu dentro daquele sorriso. 

Correr, navegar, morrer naquele sorriso.   
  

                            Eugénio de Andrade
                           

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Eu




"Até agora eu não me conhecia,
julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.

Mas que eu não era Eu não o sabia
mesmo que o soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim... e não me via!

Andava a procurar-me - pobre louca!-
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!

E esta ânsia de viver, que nada acalma,
E a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!"

Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"

A ternura




"Há na ternura uma constância impossível na paixão mas obrigatória no amor. É um carinho rumorejante, oficialmente pouco ambicioso, mas capaz de resistir às mirabolantes tropelias do coração. Porque nem o ressentimento mais azedo pode garantir a sua morte. Ele sobrevive, com doce arrogância, em meia dúzia de neurónios, fieis depositários de recordações politicamente incorrectas. Também nasce de amizades surpreendidas e indiferenças «definitivas». Tudo isto sem alarde. Mas deixando marcas; pistas; tiros de partida; promessas de chegada..."



Júlio Machado Vaz

 "O Amor é..."