sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Adiamento...

Álvaro de Campos
Adiamento





   Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
   Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
   E assim será possível; mas hoje não...
   Não, hoje nada; hoje não posso.
   A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
   O sono da minha vida real, intercalado,
   O cansaço antecipado e infinito,
   Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
   Esta espécie de alma...
   Só depois de amanhã...
   Hoje quero preparar-me,
   Quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte...
   Ele é que é decisivo.
   Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
   Amanhã é o dia dos planos.
   Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
   Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
   Tenho vontade de chorar,
   Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...   Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
   Só depois de amanhã...
   Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana.
   Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
   Depois de amanhã serei outro,
   A minha vida triunfar-se-á,
   Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
   Serão convocadas por um edital...
   Mas por um edital de amanhã...
   Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
   Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
   Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
   Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
   Antes, não...
   Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.
   Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
   Só depois de amanhã...
   Tenho sono como o frio de um cão vadio.
   Tenho muito sono.
   Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
   Sim, talvez só depois de amanhã...
   O porvir...
   Sim, o porvir...
http://pessoa.mdaedalus.com/alvaro-de-campos20.html

Ser ou não ser.. eis a questão.


terça-feira, 2 de setembro de 2014

domingo, 31 de agosto de 2014

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Renascer...

Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.
Allan Kardec



Nada como umas férias longe do dia a dia para fazer renascer o ser adormecido dentro de cada um da nós.
Sinto força.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Menina das sete saias

Balada Das Sete Saias

Trovante

Sete ondas se noivaram
Ao luar das sete praias
Sete punhais se afiaram
Menina das sete saias
Sete estrelas se apagaram
Sete-que-pena choraias
Sete segredos contaram
Menina das sete saias
Eh ah......
Sete bocas se calaram
Com sete beijos beijai-as
Sete mortes evitaram
Menina das sete saias
Sete bruxas se encontraram
No monte das sete olaias
Sete vassouras montaram
Menina das sete saias
Sete faunos contrataram
Sete cornos e zagaias
Aos sete encomendaram
Menina das sete saias
Sete princesas toparam
Com mais sete lindas aias
Por sete e sete deixaram
Menina das sete saias
Sete danças que bailaram
Sete vezes que desmaias
Sete luas te ansiaram
Menina das sete saias
Sete vezes se encantaram
No bosque das sete faias
Sete sonhos desfolharam
Menina das sete saias