quarta-feira, 11 de agosto de 2010

As palavras

"São como um cristal,

as palavras.

Algumas, um punhal,

um incêndio.

Outras,

orvalho apenas.



Secretas vêm, cheias de memória.

Inseguras navegam:

barcos ou beijos,

as águas estremecem.



Desamparadas, inocentes,

leves.

Tecidas são de luz

e são a noite.

E mesmo pálidas

verdes paraísos lembram ainda.



Quem as escuta? Quem

as recolhe, assim,

cruéis, desfeitas,

nas suas conchas puras?"



Eugénio de Andrade

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