Com os pés na areia surgem duvidas, reflexões, ideias... como grãos de areia. Sobre a areia viajo para onde a imaginação me leva. De pés na areia mantenho-me de pé... Caminho à beira deste mar, medito, escrevo e partilho ideias. Assim me vou descobrindo.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
domingo, 3 de outubro de 2010
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Saudade
"Saudade - O que será... não sei... procurei sabê-lo
em dicionários antigos e poeirentos
e noutros livros onde não achei o sentido
desta doce palavra de perfis ambíguos.
Dizem que azuis são as montanhas como ela,
que nela se obscurecem os amores longínquos,
e um bom e nobre amigo meu (e das estrelas)
a nomeia num tremor de cabelos e mãos.
Hoje em Eça de Queiroz sem cuidar a descubro,
seu segredo se evade, sua doçura me obceca
como uma mariposa de estranho e fino corpo
sempre longe - tão longe! - de minhas redes tranquilas.
Saudade... Oiça, vizinho, sabe o significado
desta palavra branca que se evade como um peixe?
Não... e me treme na boca seu tremor delicado...
Saudade... "
Pablo Neruda, in "Crepusculário"
Tradução de Rui Lage
em dicionários antigos e poeirentos
e noutros livros onde não achei o sentido
desta doce palavra de perfis ambíguos.
Dizem que azuis são as montanhas como ela,
que nela se obscurecem os amores longínquos,
e um bom e nobre amigo meu (e das estrelas)
a nomeia num tremor de cabelos e mãos.
Hoje em Eça de Queiroz sem cuidar a descubro,
seu segredo se evade, sua doçura me obceca
como uma mariposa de estranho e fino corpo
sempre longe - tão longe! - de minhas redes tranquilas.
Saudade... Oiça, vizinho, sabe o significado
desta palavra branca que se evade como um peixe?
Não... e me treme na boca seu tremor delicado...
Saudade... "
Pablo Neruda, in "Crepusculário"
Tradução de Rui Lage
Saudade
"Pode-se ter saudades dos tempos bons mas não se deve fugir ao presente"
"Quando se ouve boa música fica-se com saudade de algo que nunca se teve e nunca se terá"
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
O que vemos nos outros?...
"O encanto que supomos encontrar nos outros só em nós existe; e é apenas o amor que tanto embeleza o objecto amado"
Pierre Laclos in "Ligações Perigosas"
Ao longo da vida tenho julgado todos por mim. Não consigo imaginar pessoas maldosas, mesquinhas capazes de fazer mal aos outros gratuitamente. Mas cada vez mais me apercebo de que tenho andado muito distraída e que a realidade é muito dura.
Não se pode olhar só o lado bom dos outros, temos de conhecer também o ângulo obscuro para, sem lhe dar muita importância, porque continuo a apreciar o que é belo, não sermos apanhados desprevenidos.
sábado, 21 de agosto de 2010
Perfeição
"Tudo quanto fazemos, na arte ou na vida, é a cópia imperfeita do que pensámos em fazer. Desdiz não só da perfeição externa, senão da perfeição interna; falha não só à regra do que deveria ser, senão à regra do que julgávamos que poderia ser. Somos ocos não só por dentro, senão também por fora, párias da antecipação e da promessa"
Fonte: "Livro do Desassossego"
Autor: Fernando Pessoa
Fonte: "Livro do Desassossego"
Autor: Fernando Pessoa
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
As palavras
"São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?"
Eugénio de Andrade
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?"
Eugénio de Andrade
Palavras e sentimentos
"O que pode destruir um sentimento,
não são apenas as palavras alteradas,
as que gritam, mas as que no tempo
caiem no silêncio e no silêncio... ficam guardadas!
São as que em formas de lágrimas vão correndo
disfarçadas, as que deslizam sufocadas,
as que agonizam em solidão, as que vão morrendo
de medo e apatia e as que se apagam estranguladas.
São as que não reclamam e de modo incerto
nascem silenciosas, em segredo,
onde apenas no silêncio da paz vivem perto
e num sussurro se encontram sem medo.
São as que os silêncios compreendem,
as que os silêncios guardam e lêem,
porque ninguém as ouve ou poucos entendem,
que tanto existe, para além daquilo que vêem!"
Fernanda Rocha
Camões
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Camões
Alexandre O'Neill
"Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte."
Alexandre O'Neill
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte."
Alexandre O'Neill
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