Com os pés na areia surgem duvidas, reflexões, ideias... como grãos de areia. Sobre a areia viajo para onde a imaginação me leva. De pés na areia mantenho-me de pé... Caminho à beira deste mar, medito, escrevo e partilho ideias. Assim me vou descobrindo.
sábado, 26 de agosto de 2017
terça-feira, 15 de agosto de 2017
Zeca Afonso - Vejam Bem
Sentir o entusiasmo emotivo da liberdade merecida de jovens pais, tios, avós... gente entusiasta de camisa aberta, manga arregaçada, calça à boca sino...
Alegria de fazer parte daqueles bandos de miudagem livre, rebolando no chão, cantando os hinos da liberdade numa canção de roda.
Admirar a gente grande como heróis conquistadores de liberdade.
Participar alegremente em marchas, concertos e comícios às cavalitas de alguém ou embrulhada num xaile de lã ao colo de uma avó.
Sinto ainda a emoção geral de uma conquista da qual já só usufruí.
Falta-me a eloquência dos que outrora admirei, falta-me a presença, as conversas sem nexo e sem fim em volta de uma mesa de café numa espécie de nevoeiro de fumo de cigarros.
Lembranças de uma infância selada com o entusiasmo geral.
Nasci livre...
Emociono-me.
Temo não saber defender a liberdade e morrer sem ela.
Temo não saber defender a liberdade e morrer sem ela.
terça-feira, 28 de março de 2017
Saudades de ser criança
Saudade de andar descalça e sentir cada pedrinha ou a areia da praia, umas vezes quente do sol, outras fria já ao anoitecer... tão bom!
Sinto ainda o cheiro da areia e da maresia nas noites de nevoeiro.
Saltava, descalça, de medão em medão como que a fugir da humidade fria da noite.
Vigiada pela lua e pela luz do farol da Berlenga, apanhava conchinhas e atirava-as ao ar enquanto os adultos se entretinham em conversa e petiscada.
Noites animadas, aquelas!
Mais ainda quando as melgas, quase sempre, atraídas pela luzes das gambiarras, faziam também elas o seu petisco e eu nunca me escapava. Coçava as borbulhas até sangrar e cobria com areia para estancar, melhor cura não havia! Ficou-me entranhado na pele...
Que bem me sabia ir molhar os pés na escada escorregadia do cais. Agua fria, corrente forte, cheiro a iodo, ainda o sinto.
O sono chegava e a "birrinha" encaminhava-me à saia da avó ou ás pernas do avô. - "Anda cá menina!..." - uma mão afagava-me o cabelo áspero da areia e do sal, e o casaco de malha da avó enrolava-se em mim até aos pés.
Ainda de pele salgada do banho da tarde, um arrepio misto de frio e de prazer, agarrava a "Xana" por um braço, uma perna ou pelo pescoço e abraçava-a até adormecer umas vezes ao "colinho" da avó outras já na cama de lençóis de flanela pulvilhada de areia que eu levava agarrada à pele, qual croquete, qual fartura. Espoliação melhor melhor não tinha.
Banhos intermináveis aqueles, até ficar bem salgada, engelhada e gelada com tantos pinotes, mergulhos e braçadas. Já ao sol de queixo a tremer, o doce da fartura quentinha e o leite achocolatado "Ucal" misturavam-se como salgado da boca, divino!...
Tardes perdidas a construir barraquinhas com panos e paus surripiados das barracas de praia, a fazer castelos na areia cada um maior e melhor decorado que o outro, a jogar à carica em longas pistas vincadas no areal, a lançar o papagaio ou pura e simplesmente a correr e a cantarolar de toalha enrolada na cabeça - "Na praia da Nazaré ninguém pode andar em pé..."
Momentos mágicos, intemporais que jamais esqueço. Nenhuma criança esquece a sua infância e eu e os outros que como eu viveram ali aqueles momentos aprendemos o que é a liberdade.
Quando for grande, quero voltar a ser criança!
Sílvia Queirós Sanches
Texto 27 Março 2017
Pintura a pastel seco sobre papel aguarela - 2001
quinta-feira, 23 de março de 2017
O Sr Menino
"O
menino é mau!"
Dizia
o menino grande, com boquinha de mimo, sempre que fazia alguma
asneira menos própria para a sua idade.
Homem
a quem roubaram a infância, tendo que se "safar" desde que
se deu como gente.
Menino
que nunca deixou de sonhar e que até o dever levava a brincar.
Senhor de artes e ofícios, artimanhas e engenhocas, capaz de idealizar e
construir os mais variados engenhos.
Brinquedos,
que nunca teve em menino, tornou reais em adulto e a brincar fez
deles o seu negócio, e voou.
Foi
feliz fazendo felizes outros meninos... e as mães dos meninos... e
as avós... as tias... as primas…
Desbocado
galhofeiro, capaz de transformar o mais horrendo palavrão num elogio
carinhoso, cantarolava e assobiava qual canário, qual “Rouxinol
Faduncho” que ao jeito de “José Lito”, cantava “Lá
Piconera” acompanhado da sua castanhola improvisada com a prótese,
que passava mais tempo nas mãos que na própria boca.
O
melhor da vida era uma mesa farta rodeada de família e amigos: "Comam, bebam!" Palavra de ordem daquela autoridade, condecorado com
as belas medalhas das guerras comensais, e o seu velho boné à
marinheiro “engatatão”. Com o seu ar de rezingão, lá ia
comandando as tropas com os seus gritos de guerra.
“É-mi-si-mi-não-mi” soava ao ronronar do gatinho que se tenta
acalmar e “Ão Ão Ão” cachorrinho a pedir festinhas…
Encantador, de espírito livre, alma grande em envolcro pequeno…
“Homem pequeno ou velhaco ou dançarino”… também gostava de
dançar!... “Queirosito” Sr menino, Sr Queirós o fotografo,
homem das “redes macaenses, para as portas e contra o mau olhado”.
Ladino, lutador, de garra, projectos e sonhos, tantos que nem todos realizou, o corpo não deixou.
Ladino, lutador, de garra, projectos e sonhos, tantos que nem todos realizou, o corpo não deixou.
A
vida fê-lo assim e assim o levou.
Sílvia
Queirós Sanches – Ao meu avô – Março 2017
Procastinação
Fazer promessas de Ano Novo e planos a curto prazo que serão adiados consecutivamente.
A procrastinação - a mania de adiar uma ação ou um tarefa, de "deixar para amanhã" e depois e depois...
Faço amanha!
A arte de ir empurrando com a barriga.
Deixar para amanhã o que posso fazer hoje, podia ter feito ontem.
O que posso fazer?
Nada.
Ou tudo?!...
Terei de mudar... Sem procrastrinar.
domingo, 19 de março de 2017
Tolerância Quase a Zero
Estou
a atingir uma idade em que o depósito de tolerância começa a
entrar na reserva. Como terei de guardar essa reserva para situações
mesmo importantes, terei de fazer uma melhor gestão das pessoas e
situações que me desgastem sem razão. Gradualmente tenho sido mais
exigente ao ponto de me fazer rodear apenas de quem me acrescenta
alguma coisa de positivo.
O meu crescimento pessoal, depende acima de tudo das boas relações temperadas de positivismo e espírito de entreajuda. Afinal as relações humanas, longe de serem um “toma lá, dá cá”, vão além de qualquer bem material.
A sociedade cada vez mais complexa rege-se muitas vezes nos interesses pessoais cada vez mais individualistas. A competitividade e a ânsia de poder, tomaram conta do dia a dia de todos nós.
Há quem tente controlar o companheiro por medo de o perder, pais que super protegem os filhos, amigos que dominam amigos com medo da solidão...
Nas relações interpessoais pesa sempre uma dose de egoísmo do qual somos conscientes mas que vamos suportando.
Contudo, tenho aprendido a construir relações positivas e a dar valor ao que realmente tem importância.
Não se trata somente de me afastar de todos aqueles “que não nos acrescentam nada”. A vida real não é como nas redes sociais, não se pode pura e simplesmente “eliminar amigos”.
Também não posso apagar do meu dia a dia alguns familiares, ou colegas de trabalho negativos, derrotistas ou críticos, ou mesmo alguém que tenha de encarar diariamente.
Simplesmente, não lhes dou a importância que merecem ou julgam merecer. Evito que me afectem emocionalmente, fazendo uso de uma certa dose de assertividade (nem sempre a desejável).
Às personalidades mesmo tóxicas, o melhor remédio é não lhes dar poder. Nada como marcar limites e definir bem as regras de forma a não entrar em stress por antecipação. Não é fácil, mas é possível!
Nem sempre é possível controlar quem entra ou sai das nossa vidas, mas temos de ter a capacidade e a responsabilidade de decidir quem se mantém no nosso coração.
Regras básicas para manter os níveis de tolerância:
– Nada como favorecer apegos apoiados na confiança e não na ansiedade e no medo de sermos abandonados ou traídos. É vital que exista uma harmonia apoiada na maturidade e no respeito mútuo.
– Um respeito mútuo e a segurança de que não vamos ser julgados ou rejeitados por exprimir o que pensamos.
– Partilha de afecto: a sensação de cumplicidade que desfrutamos com nossas amizades, o carinho altruísta dos nossos companheiros… demonstrar afecto de forma livre e espontânea.
Bases que enriquecem qualquer tipo de relação positiva.
São essas pessoas que, longe de ajudar, nos afundam ainda mais.
Tentar manter a distância nestes casos, e escolher bem a quem pedir auxilio nesses momentos.
As relações positivas têm como base a harmonia interna onde os problemas, longe de ser obstáculos, são oportunidades pessoais de oferecer ajuda, aprender e fortalecer ainda mais os nossos vínculos.
-Eliminar as relações onde não cabem erros, onde não se concede a oportunidade de ser melhor.
Todos nós nos enganamos, erramos, assumimos falhas e seguimos no sentido do crescimento pessoal.
Todos aqueles que gostam de nós como nós somos, com mais defeitos ou virtudes, manias e grandezas, são pessoas que contribuem com o que eu considero de positivo para uma vida feliz e equilibrada.
O meu crescimento pessoal, depende acima de tudo das boas relações temperadas de positivismo e espírito de entreajuda. Afinal as relações humanas, longe de serem um “toma lá, dá cá”, vão além de qualquer bem material.
A sociedade cada vez mais complexa rege-se muitas vezes nos interesses pessoais cada vez mais individualistas. A competitividade e a ânsia de poder, tomaram conta do dia a dia de todos nós.
Há quem tente controlar o companheiro por medo de o perder, pais que super protegem os filhos, amigos que dominam amigos com medo da solidão...
Nas relações interpessoais pesa sempre uma dose de egoísmo do qual somos conscientes mas que vamos suportando.
Contudo, tenho aprendido a construir relações positivas e a dar valor ao que realmente tem importância.
Não se trata somente de me afastar de todos aqueles “que não nos acrescentam nada”. A vida real não é como nas redes sociais, não se pode pura e simplesmente “eliminar amigos”.
Também não posso apagar do meu dia a dia alguns familiares, ou colegas de trabalho negativos, derrotistas ou críticos, ou mesmo alguém que tenha de encarar diariamente.
Simplesmente, não lhes dou a importância que merecem ou julgam merecer. Evito que me afectem emocionalmente, fazendo uso de uma certa dose de assertividade (nem sempre a desejável).
Às personalidades mesmo tóxicas, o melhor remédio é não lhes dar poder. Nada como marcar limites e definir bem as regras de forma a não entrar em stress por antecipação. Não é fácil, mas é possível!
Nem sempre é possível controlar quem entra ou sai das nossa vidas, mas temos de ter a capacidade e a responsabilidade de decidir quem se mantém no nosso coração.
Regras básicas para manter os níveis de tolerância:
- Manter relações saudáveis
– Nada como favorecer apegos apoiados na confiança e não na ansiedade e no medo de sermos abandonados ou traídos. É vital que exista uma harmonia apoiada na maturidade e no respeito mútuo.
- Saber satisfazer as necessidades básicas
– Um respeito mútuo e a segurança de que não vamos ser julgados ou rejeitados por exprimir o que pensamos.
– Partilha de afecto: a sensação de cumplicidade que desfrutamos com nossas amizades, o carinho altruísta dos nossos companheiros… demonstrar afecto de forma livre e espontânea.
Bases que enriquecem qualquer tipo de relação positiva.
- Resolução de problemas
São essas pessoas que, longe de ajudar, nos afundam ainda mais.
Tentar manter a distância nestes casos, e escolher bem a quem pedir auxilio nesses momentos.
As relações positivas têm como base a harmonia interna onde os problemas, longe de ser obstáculos, são oportunidades pessoais de oferecer ajuda, aprender e fortalecer ainda mais os nossos vínculos.
- As relações positivas toleram os erros
-Eliminar as relações onde não cabem erros, onde não se concede a oportunidade de ser melhor.
Todos nós nos enganamos, erramos, assumimos falhas e seguimos no sentido do crescimento pessoal.
Todos aqueles que gostam de nós como nós somos, com mais defeitos ou virtudes, manias e grandezas, são pessoas que contribuem com o que eu considero de positivo para uma vida feliz e equilibrada.
É de gente bonita, positiva e espontânea que quero estar rodeada, os restantes fiquem nos seus lugares e não se metam na minha vida, obrigada!
Sílvia Q. Sanches - Março 2017
quinta-feira, 9 de março de 2017
Tendências
Somos seres sociais e são poucos os que conseguem manter-se com ideias próprias o tempo todo.
Penso até que ninguém...
Vem sempre a hora em que seguimos uma ou outra tendência, ditada por alguém influente, ou nascida de um conjunto de situações que se transformam em tendências num determinado grupo.
Veja-se uma das comparações mais pertinentes que ouvi nos últimos tempos:
"A homossexualidade é uma moda tal e qual como o sushi. Agora toda a gente quer experimentar e uns adoram outros odeiam."
Esta analogia fez imenso sentido para mim. Este discurso pode ser considerado tendencioso, discriminatório, mas é a minha ideia.
Conheço alguns homossexuais que respeito e de quem sou amiga, mas também vejo cada vez mais uma tendência exacerbada de se ser Gay só porque se é moderno assumir algo que nem se sabe muito bem se é mesmo aquilo que se quer para a vida.
Vejo jovens casais de lésbicas, miúdas da escola do meu filho que não se assumem como tal mas como bissexuais. O.k. , têm todo direito de experimentar , mas não sabem o que querem para assumir lá o que quer que seja.
Da mesma forma como o sushi é considerado obrigatório num jantar entre amigos, nem que seja uma vez na vida, porque é moda, é bem e mesmo quem não gosta não quer ficar atrás dos amigos e acaba "obrigado a gostar, a "homossexualidade assumida" quase que nos impõe a obrigação de quase o ser ao ponto de um dia quem for heterossexual é que passa a ser descriminado porque isso já não se usa.
Perdoem-me os meus e minhas amigas homossexuais, perdoem-me os que gostam de sushi tal como eu, mas a verdade é que por muito que rejeitemos ser comandados por muito que apelemos a ideias próprias, acabamos por não passar de uns meros carneiros a seguir o rebanho.
Sílvia Q. Sanches - Março 2017
Sílvia Q. Sanches - Março 2017
(imagem retirada aleatoriamente da Internet)
terça-feira, 7 de fevereiro de 2017
Responsabilidades
A
vida é feita de apegos e desapegos e há que fazer escolhas.
O
que foi ontem não é hoje e o que é hoje poderá não ser amanhã.
Estamos em permanente mudança e isso faz parte da evolução de cada
um de nós.
Somos
o que somos e sem mudar a nossa essência podemos mudar de gostos,
vontades… faz parte do crescimento individual.
Fazemos
parte de um todo, uma sociedade com regras, dogmas, imposições
várias. Mas nada nem ninguém poderá impedir outro alguém de
tentar encontrar o seu próprio caminho.
Ainda
que aos olhos dos outros o caminho não seja o melhor, cabe ao
próprio decidir isso.
Cada
um é dono de si e a responsabilidade das suas escolhas cabe-lhe a si
mesmo. Ninguém se deve sentir responsável por ninguém.
A
partir do momento em que os pássaros aprendem a voar e a procurar a
sua própria comida, são postos fora do ninho e levados a construir
o seu próprio abrigo, cada um por si.
Proteger
as “crias” em exagero, dado-lhes de comer ao invés de as ensinar
a pescar é, na minha opinião, dos piores erros que a sociedade
atual comete. Cuidado e preocupação sim, carregar filhos
crescidos capazes de fazer meninos, não.
Somos
responsáveis pelos filhos enquanto menores, ainda assim esses,
também têm a sua personalidade, e se não a têm, estará na hora
de estimular isso.
O
mesmo digo com a preocupação pelos mais próximos. Por vezes há a
tendência em decidir pelos outros coisas que só eles podem decidir.
Minguem é responsável por ninguém, repito, cada um que decida por
si e para si. Nada de esperar nada de ninguém. Vamos lá
ser responsáveis!
Sílvia
Q. Sanches 07 Fevereiro 2017
terça-feira, 31 de janeiro de 2017
Liberdade – o que significa…
Li
algures que os ingleses usam um termo para medir a Liberdade de cada
um.
“Fuckability”
ou seja:
Quem
se sentir com a liberdade suficiente para mandar muitas pessoas “para
a outra banda” de uma forma inteligente… é porque se é livre. (
falavam de patrões; vizinhos, família; etc…)
Portanto,
quanto mais" fuckability" mais livres se é… e os
Portugueses tem uma "fuckability" quase nula, será?!
O
que pensar disto?
Seremos
livres?
domingo, 30 de outubro de 2016
Olha a bola Manel...
Das minhas memórias de infância, vem-me à ideia a Vila Marecos.
Casas contiguas lembrando um western, uma época diferente, parado no tempo.
Um autentico cenário de um filme de cawboys como os que se assistam todas as tardes de domingo, na casa de jantar da tia avó Maria.
Os miúdos daquele gueto, reuniam-se em volta da velha mesa com braseiro e cadeiras de madeira que rangiam a cada movimento sobre elas. A televisão a preto e branco com um filtro de cor verde, um autentico altar, pendurado num canto da sala de paredes caiadas e portas grosseiras pintadas de verde água, onde não faltava um quadro do menino da lágrima e outro de um velho que por muito tempo julguei ser o retrato do tio Vitor, o marido da tia Maria, conhecido pelo "Vitor Malandro".
Qual sala de cinema, qual "salon" do velho oeste, era o momento solene, a hora de culto, para aqueles rapazes com ar de quem tinha saído da série "Uma casa na Pradaria", qual Tom Sawyer, saído das margens do Mississipi. Olhos vivos, sorrisos rasgados, rostos sujos do suor e poeira. Alguns diferentes, ruivos e com sardas, ao jeito da "Pipi das Meias Altas",todos com ar maroto, deliciavam-se com os copos cheios de gasosa e pão-de-ló feito na forma de fogão, receita da tia prima Fernanda, a solteirona, tão ruiva quanto eles.
O jogo de futebol antes do filme já tinha queimado a galinha caseira com arroz de cabidela que tinham almoçado.
Corriam atrás da bola, tropeções, rasteiras, pontapés, e quando algum pontapeava a bola que saltava para a estrada lá ia o mais velho a correr busca-la. Manel, o mais velho dos netos da tia Maria, rapaz feito, quase homem, já trabalhava, mas menino na hora da confraternização da rapaziada.
"Olha a bola Manel" som de fundo que me soava ao ouvido. Eu a única menina no meio daquela "pandilha", a prima afastada que estava de visita, era vista coma a boneca de porcelana, impedida de jogar por ser menina.
Entretinha-me no equilíbrio sobre o muro que separava "o estádio" da estrada cantando baixinho a musica de fundo daquela cena, aplaudia a cada grito de "GOLO!!!" que os rapazes entusiasticamente festejavam.
Se fosse hoje, cantaria Carlos do Carmo, pois pareciam mais um bando de pardais à solta.
As visitas a Santarém, eram emocionantes autenticas viagens no tempo.
Mas talvez seja daí que vem a minha antipatia pelo futebol!...
Sílvia Q. Sanches - Outubro 2016
sábado, 1 de outubro de 2016
quinta-feira, 8 de setembro de 2016
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