quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Pensar o Amor


Desde miúdos que ouvimos histórias de encantar, com magia e reinos de fantasia.
Crescemos a sonhar e a imaginarmo-nos príncipes e princesas de um mundo em que o amor triunfa para sempre.
Depois, quando crescemos, constatamos que, as vezes, o amor não é bem assim como imaginámos.
A vida torna-se cinzenta e ecoa na nossa mente o pensamento: " não foi isto que eu sonhei para mim".
Com essa realidade transformamo-nos por dentro e aprendemos a lidar com todo o tipo de emoções e sentimentos, num repertório mental alargado de esquemas e respostas.
Mas como é que o nosso olhar muda e de que forma passamos a acreditar ou não no "era uma vez"? No nosso "faz-de-conta", como se esboçam os nossos sonhos? Vale a pena?
Há frases que nos ficam na memória.
Um dia destes ouvi alguém dizer: " ter sorte dá muito trabalho".
Diz-se que a sorte tem a ver com o destino. Que temos mais ou menos sorte devido a algo que não conseguimos bem definir e que passa pela crença ou fé.
Pois eu sou da opinião de que a sorte desenha-se e constrói-se. Ter sorte ao amor, por exemplo, não vem só do acaso ou circunstâncias, mas passa igualmente por factores que nos envolvem, mesmo de forma inconsciente.
O caminho da sorte poderá ser escolhido em consciência, de forma mais intuitiva ou racional. Ter sorte aprende-se.
O amor define-nos, na intimidade de ser e de estar. O amor que se vive ao longo da vida, de várias formas, umas mais suaves outras mais intensas, é parte significativa do nosso auto-conhecimento. Sempre com a necessidade de sermos especiais.
Por outro lado, aquilo que somos define a nossa forma de amar, as relações de afecto que estabelecemos, quem procuramos ou quem queremos.
A forma como reconhecemos os nossos próprios sentimentos e sentimos os dos outros nos diferentes contextos e situações permite-nos o crescimento interior e o desenvolvimento da arte de ser feliz com alguém.
As vezes, temos medo de amar e ainda bem. O medo traz-nos a coragem para crescer e continuar a aprender a amar.
A maior parte das vezes, carregamos a nossa relação com problemas, com antecipações de maus cenários, com exigências, com dúvidas, com desconfiança, asfixia da nossa própria felicidade e capacidade de amar.
Aí temos de pensar o amor.
A vida a dois e seus projectos e sonhos envolve dificuldades que têm de ser percepcionadas e reflectidas com desafios a dois, e é isso que fortalece uma relação.
Pensar o amor é também termos consciência daqueles pensamentos que nos assolam vezes sem conta, do tipo: "não consigo ser feliz com ninguém", "afasto todos quanto me rodeiam", "não tenho sorte nenhuma", "ninguém me entende" .
Temos de mandar estes pensamentos para trás das costas e abrir as portas a um amor consciente e mais livre, com espaço para a aceitação e para o aqui e agora.
Temos tendência a complicar aquilo que, no fundo, é tão simples.
Se aprendermos novas formas de relação e ambicionar a simplicidade no amor, implica uma constante mudança começando do zero todos os dias.
Hoje em dia, somos rodeados de informação, real ou virtual, que nos deixa muitas vezes, de forma paradoxal, um vazio na alma.
Descomplicar é o segredo.
O amor com ingredientes de paixão e de amizade, está integrado nas nossas vidas, Faz parte da nossa essência.
Afinal, o amor é para sempre e é possível aprender a amar. Descomplicadamente...

Venerando a Lua


Quando olho a lua penso:
Tão bela que ela é!
Majestosa.
Quando cheia, é magnifica, linda, iluminada.
Faz-me sonhar.
A sua luz é prata.
O seu luar
Lembra um tapete de diamantes sobre um manto azul reflectido nas águas.
Muitos a veneram.
Influencia toda a vida na terra.
Toda a vida da terra depende deste astro.
Porquê?
Se a lua não tem vida.
Não tem luz própria.
É simplesmente um espelho frio reflectindo a luz solar.
Sua beleza é roubada ao sol.
Vive na sombra.
Esconde-se atrás da terra.
É apenas um rochedo imenso que se vem afastando da sua rota.
Porquê?
Porque tantos a admiram?
Porque tantos lá querem chegar?
Tão poucos lá chegam…
A lua
Fria
Sem vida
Mexe com a vida 
Aquece almas
Faz sonhar
Eu amo a lua!


Sílvia Q. Sanches 2009

A praia da minha infancia


Mas que desilusão!

A dias resolvi voltar a praia da foz depois de uma pausa de anos. Passei lá a minha infância e juventude e muitas e boas recordações comigo guardo. 
Desiludi-me com o que vi. 
Aquela que era a minha segunda casa, ou melhor, o meu segundo recreio, com um areal imenso, uma água transparente não passa agora de uma praia cheia de gente, suja e malcheirosa. Ou eu tive azar no dia que escolhi para voltar a minha praia, ou os governantes locais estão a esquecer-se de manter o bem que temos. Se o nosso futuro é o turismo o melhor não só pensar em construir hotéis e campos de golfe, a praia tão ou mais importante, e mantê-la aprazível aos olhos de todos não é mais do que um simples gesto de bom gosto.
Afinal temos uma lagoa tão bonita porque não cuidar dela?

Não me apetecia mais desiludir-me com o local onde cresci tão saudavelmente. Adoraria poder voltar a caminhar sobre um areal limpo com era a 20 anos, será possível, ou utopia minha????

De pés na areia


De pés na areia 
Caminhando sobre a areia flutua-se num plano mais alto.
Soltam-se amarras, descalçando sapatos. Cabelo ao vento. Um arrepio agradável. 
É nesses momentos que se juntam num puzzle os episódios soltos da vida. 
Reflecte-se no que é bom, no que não vale a pena e no que nunca se deveria ter feito mas que afinal ate serviu de lição. Pensa-se no que de bom se tem e no que se pode melhorar amanhã.
Na areia soltam-se as energias negativas em cada pegada que fica para trás e ao vento chamam-se todos os nomes que se gostaria de chamar a tanta gente, ele não se zanga e a alma fica leve. 
Chega-se a praia com toneladas, cabeça cheia e a pouco e pouco começa-se a ouvir o mar, a brisa, as gaivotas, os próprios passos, a própria respiração e é aí que se sente o quanto é bom andar de pés na areia.


Sílvia Q. Sanches 2009