domingo, 29 de março de 2020

Isolamento

Começo a habituar-me a isto. 
Dizem que para criar uma rotina so precisamos de a repetir por 21 dias, e eu ja estou quase lá!
Sempre gostei de estar em casa, no meu ninho, no meu sossego. Quando estou stressada, isolo-me um fim de semana longe do mundo. Portando,  ja não é novidade para mim, estar em casa. 
Também gosto de passear, de caminhar, viajar... preciso disso, acho que todos precisamos. Mas agora é ficar em casa, e viajar em pensamento, ou nas paginas de um livro e trabalhar, cumprindo o horário e produzindo tanto ou mais...
Gosto de casa. Gosto da minha companhia, não nos damos mal.
Diz-se que só se é realmente feliz quando sabemos viver com a nossa própria companhia. Quando não se depende da atenção de ninguem...
Pois então,  estou no bom caminho, estou bem comigo mesma, na minha rotina, no meu conforto com as minhas "taras e manias". 
Por vezes sinto falta de socializar, de estar com o meu filho, de afetos... mas há um telemovel e redes socias onde podemos saber uns dos outros. Pelo menos o que queremos mostrar aos outros.
Vivo bem assim, so preciso de garantir o meu sustento, com ou sem "guerra", não há coisa melhor que sermos donos da nossa vida, sem dependencias.

sexta-feira, 27 de março de 2020

A guerra

Não tenho sono. Ou melhor, tenho mas o ruido dos meus pensamentos não me deixa descansar.
Estamos em guerra.
Fugimos de balas invisíveis, escondemo-nos de um inimigo sem rosto...
Sem rosto era o bebé que eu protegia fugindo entre escombros de um bombardeamento após o 11 de setembro. 
Era um sonho e eu, grávida, preocupava-me com o bebé que sentia dentro de mim mas que não lhe conhecia o rosto. 
Agora é real.
Sem bombas, mas explodindo as nossas vidas.
Trabalho em casa, penso que é mais seguro, será?
Não estou tão exposta às "balas", nem ameaço outros... ocupo o meu tempo a trabalhar. Um ciclo vicioso: dormir, comer, trabalhar, comer, trabalhar,  comer, dormir...
Estou a ficar quadrada. Sim, quadrada fisicamente, porque estou a comer demais, e quadrada de espírito porque não vejo mais nada do que trabalho e noticias da guerra, e das consequências num futuro muito próximo. 
Estar em casa é bom! É uma trincheira confortável, mas muito solitária. 
Estou cansada de conversar comigo mesma e dizer que está tudo bem ao telemóvel... Não está facil! 
A guerra está a deixar marcas e ainda nem se vislumbram sinais do seu fim.
Agora penso, como será o pós guerra? 
Conseguirei dormir?


sexta-feira, 4 de outubro de 2019

O voltar à Idade Média



Na verdade, parece que continuamos na idade media.
Evoluiu-se em tanta coisa, construíram-se prédios, estradas, passeios, os planos de ordenação a funcionarem e tantos espaços inaugurados ou reinaugurados em vésperas de eleições… mas o essencial parece que continua por resolver, a limpeza.
Por vezes até me parece pior. Porque quando era pequena ainda via os varredores nas ruas efetivamente a limpar e a lavar com grandes mangueiras e agulhetas potentes. Agora os poucos varredores que vejo, fazem cocegas às pedras das calçadas deixando na mesma a sujidade por onde passam.
Antes também era usual ver o pessoal do comercio, e até de casas particulares, limparem o espaço a frente das suas portas. Agora não vejo nada disso.
Por onde passo, vejo passeios negros e cheios de dejetos, cantos, pilares e postes negros do sarro de urina de animais.
E não me digam que são os cães abandonados, porque não há cães a solta nas ruas da cidade.
Apetecia-me andar com um pulverizador cheio de lixívia a lavar esses locais, mas não faria outra coisa.
Bem no centro da cidade, em frente ao município, não se precisa ser um grande observador para ver um desses exemplos. As arcadas em frente ao “Novo Banco”, estão imundas. Provavelmente a responsabilidade da limpeza será do condomínio do prédio ou do próprio banco, mas é um local publico com imenso movimento, com espaços de restauração nas imediações, gente que entra e sai, que passa, passeia... há os turistas… e que bilhete postal!
Tem sido feito muito em termos de modernização, mas a evolução tem desviado a atenção para outros assuntos que não a higiene e isso não se resolve com uma aplicação de telemóvel, mas sim com medidas profundas de hábitos de saneamento.
Portanto senhores das entidades responsáveis e comuns dos cidadãos, eu inclusive, por favor retirem os olhos dos telemóveis, não é só falar do lixo dos oceanos, vejam o que vos rodeia, há muito para fazer em terra. 

quinta-feira, 18 de abril de 2019

18

Numero dezoito, tão desejado antes da maioridade e tão saudado quando duplicado.
O meu numero, sem dúvida.
Muitos acontecimentos, tropeçaram neste numero.
A avó materna nasceu a 18 de Abril, e foi num dos seus aniversários que seu filho resgatou o bem  mais precioso da menina a quem chamo mãe. Como presente de aniversario, anos mais tarde, a neta deixou de ser menina e passou a cumprir com o pagamento da divida mensal da "mãe EVA" e com dezoito perde a pureza.
Dezoito para encontros e desencontros, idades, dias, aniversários, datas, anos...
2018, ano do Caminho, passando por um dia 18, redireccionando ideias, posições, a vida...
O "Dezoito" que continuará sempre presente marcando cada passagem, cada projecto de vida sem ser esperado mas inevitavelmente presente.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Oh artistas!...

É impressionante a quantidade de argumentistas populares que este país tem.
Assim como existem "olheiros" para descobrir estrelas do futebol, e concursos de talentos para a mais variadas formas de arte, dever-se-ia criar um programa para descobrir os talentosos argumentistas especializados na vida alheia. 
Melhor ainda...
Se o governo taxar esse tipo de argumentações que tanto entretém a opinião geral acaba-se com os buracos nos cofres do estado num abrir e fechar de olhos.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Chiu...

Silêncio.
Hoje nem a TV liguei...
Nem os vizinhos de cima...
Nada.
Apenas os segundos do relógio. 

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Algures sem gravidade


Num daqueles momentos em que a embriaguez da gula se sobrepõe a tudo, velando o discernimento do que se pode e deve comer, via-se paralisada, flutuando no vazio, onde como que no espaço, os pensamentos passavam por si soltos, livres, como peças de puzzle idênticas umas às outras mas com um único encaixe.
Passava-lhe a ideia de ligar aquela pessoa que a tinha tentado contactar pela hora do almoço, mas o seu corpo e mente não reagiam ao estímulo de tentar ligar de volta.
O trabalho, as contas, as datas, os clientes, as horas, o salário, as obrigações, tudo peças miudinhas que flutuavam desordenadamente nos seus pensamentos, obstruindo a passagem de ideias maiores, escrever, pintar, criar, passear, planear momentos prazerosos, namorar, fazer planos a prazo. Sentia-se subterrada em problemas que não lhe pertenciam, mas que assumia como tal.
Tinha de ultrapassar isso, treinar a capacidade de dizer basta sem ferir susceptibilidades. Como faze-lo ainda estava longe de o saber. Tentava apanhar as peças, os pensamentos, arrumando por categoria, por ordem de prioridade, mas aquilo que tinha de ser não era bem o que esperava que fosse.
Aquelas pequenas peças do puzzle, ocupavam-na tanto em tentar arruma-las que não lhe deixavam tempo para fazer o que mais a motivava.
Perguntava-se naquele mesmo momento, há quanto tempo não ouvia música?
Ultimamente fazia do ruído em volta o som ambiente como se de uma música se tratasse. O som dos minutos do relógio do qual nem sabia se as horas estavam certas, o choro do bebé do apartamento de cima, o som de um carro que passava na rua… tudo menos aquelas melodias que a faziam sonhar, que a emocionavam, ou embalavam.
Estava perdida, flutuava no vazio. Continuava a rodopiar num espaço sem gravidade entre as peças de puzzle, grandes de pequenas, sem ordem, sem peso, sem chão.
Flutuava apenas, sem destino, sem tempo, sem metas, débil numa luta entre o discernimento e a embriaguez da gula e do não fazer nada.



sábado, 2 de junho de 2018

Linhas...

Prestes a concretizar um sonho de adolescente, qui ca de criança... em viagens imaginarias, vejo-me sem qualquer tipo de pressões nem influencias, a pisar de novo velhas linhas, velhos caminhos.

A tão ansiada viajem a Santiago, a minha caminhada será determinante.

Sinto que as alterações que o destino se encarregou de fazer, são propositadas para terminar ciclos, fechar portas entreabertas. 

Iniciaria de um ponto sem grande sentido e foi-me sugerido iniciar de outro ao que aceitei de imediato e que só me dei conta da importância do lugar de partida muito depois de o destino se ter encarregado de chamar a atenção de velhos caminhantes vindos de terras de pescadres.

Cada vez mais de convenço que a rede lançada pelo destino é agora conduzida pelo anjo que conheci na primeira noite do ano.

Comigo deixou paz de espírito, motivação e determinação.

Acredito que será mesmo esta a viagem da minha vida.

Em todos os sentidos. 

Será um marco de viragem. 

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Tempestades quebram galhos

Se há dias em que o sol brilha, também os há em que o céu escurece, pressagio de tempestade.

Mesmo uma árvore robusta pode sofrer quebras, perder folhas, galhos...



Estamos em época de tempestades.

Muitas delas em pequenos copos...


Pequenas tempestades não formem elas um furacão e destrua tudo. 

Desapego

Soltar. Entregar. Deixar ir.
Deixar partir. Fluir.
Viver no presente. Sem o peso do passado.
Sem expectativas para o futuro.
Saber os nosso limites.
Somos passageiros.
Sem posses. Sem medo. Sem culpas.

sábado, 21 de outubro de 2017

Vozes de burro...

Constantemente me deparo com situações "in"esperadas.
Vivo a vida por mim, para mim e meu bem estar, vigiando de perto o crescimento e aprendizagem "da minha cria" desejando o melhor sem lhe cortar asas. Porque é assim que entendo que deve de ser.
Não me interesso pela vida de ninguém. Entendo que cada um deve utilizar a sua energia com a própria vida.
Talvez por haver demasiada dispersão sobre a vida de outrem, hajam pessoas que sofrem de distúrbios a que eu chamo de saloiice, ignorância e estupidez natural.
Não será melhor concentrarem-se nas próprias vidas, solucionarem seus próprios problemas ao invés de falarem do que não sabem e ainda acrescentarem muitos pontos??!!
Será que a vida das pessoas é assim tão desinteressante para se dedicarem à dos outros?
Ou será a minha vida assim tão interessante que mereça todo esse protagonismo?
Vivam e deixem viver!

domingo, 15 de outubro de 2017

...sem principio nem fim...

Titulo de um livro que leio quando preciso.
Sim, não é um romance, é um conjunto de conversas onde encontro respostas para coisas banais da vida.
A vida não é para ser entendida, eu sei. A vida é para ser vivida aproveitando cada dia, cada momento ao máximo. Não sabemos quando será o fim. Pode ser hoje, amanhã ou daqui a muito tempo, não sei. Só quero poder viver como desejo ou como penso que quero. Sem apegos. 
Soltar. Entregar. Deixar ir.
Deixar partir. Fluir.
Viver no presente. Sem o peso do passado.
Sem expectativas para o futuro.
Saber os meus limites.
Passar pela vida, como uma turista numa viagem de mochila às costas.
Sem posses. Sem medo. Sem culpas.
Apreciando apenas o vento no rosto, os cheiros, as cores, as pessoas. 
Andar sem destino mas com sentido. 
Certo ou errado? Não sei. 
Deixar para trás coisas que outrora se julgavam importantes. Soltar amarras. Abrir gaiolas. Voar e deixar voar. 
Aprender coisas novas, conhecer outras pessoas. 
Acredito que quando nos sentimos capazes deixar partir aquilo que não nos acrescenta mais nada e que não podemos mudar, nos tornamos mais fortes e capazes de encontrar a felicidade. 
A felicidade é subjectiva, eu sei. Depende das expectativas de cada um de nós perante o que se tem e o que se quer.
Querer e ter facilmente pode ser felicidade para muitos, para mim,  tem muito mais sabor quando se consegue pelo próprio esforço.
Desagrada-me o que me é oferecido sem que eu peça.
Mas também não sei pedir.
Nesta vida só temos um propósito:viver!
Não levamos mais do aquilo que vivemos, sentimos...
Coisas ficam e ou se dá por querer ou não terão qualquer sentido.
Não interessa onde nasci nem onde e quando morrerei.
Interessa viver ...sem principio nem fim... aqui e agora.


Sílvia Q.Sanches
15Outubro2017